Review Multiversal: O Espetacular Homem-Aranha 2- A Ameaça de Electro


No início da década de 2010, a Sony, ainda não aliada a Marvel, tomou a decisão de rebootar a bilionária franquia cinematográfica baseada no super-herói Homem-Aranha. A pretensão era de lançar um novo universo expandido, com sequências e derivados planejados, mas, o projeto acabou sendo cancelado após o segundo filme. Será que este segundo capítulo dessa nova tentativa merece carregar a culpa do cancelamento?

A sequência começa com um poderoso e enigmático flashback de uma ambiciosa subtrama que essa nova trilogia estava trazendo: o que realmente aconteceu com os pais de Peter e pelo que são responsáveis? Após a cena introdutória, somos "reapresentados" para Peter Parker, vivido por Andrew Garfield, sua namorada Gwen Stacy, interpretada por Emma Stone, e diversos velhos e novos rostos, como os de Jamie Foxx (Electro) e Dane DeHaan (Harry Osborn), que dão vida aos antagonistas dos filmes, que se passa alguns meses após o término do primeiro.

Como sequência, "A Ameaça de Electro" já chega apresentando vários erros: Novos personagens sem carisma e em excesso (não é a primeira vez que um filme desse personagem sofre com esse problema...), muitas subtramas (nem com esse...) e sérios problemas de ritmo. O filme além de dar a sensação de ser muito mais longo que sua já longa duração de mais de 2 horas e 20 minutos, conta com uma grande dificuldade em desenvolver seus personagens de maneira competente e carismática, além de pecar em colocar diversas subtramas para os mesmos, inflando um filme com conteúdo mal desenvolvido e desinteressante.

Harry Osborn e sua incrível habilidade de não reconhecer vozes e trejeitos.

Em questão de roteiro, este se prova mal escrito e cheio de conveniências, o que descredibiliza personagens, cenas chaves e momentos melodramáticos, que, a propósito, o filme possui em excesso. Mesmo levando os elementos de ficção científica muito mais afundo que filmes anteriores ou posteriores do personagem, o roteiro parece muito mais interessado em estabelecer e desenvolver o romance entre Peter e Gwen, que é mostrado a exaustão e parece ser o foco real do longa, através de longas cenas muito bem dirigidas para o gênero.

Quanto a direção, o nome por trás das câmeras é de Marc Webb ((500) Dias Com Ela, diversos clipes musicais, O Espetacular Homem-Aranha), que faz um ótimo trabalho nos momentos românticos, entrega poucas cenas de ação realmente boas e faz um péssimo trabalho em momentos mais casuais ou dramáticos, com exceção de uma sequência específica no último ato, onde o trabalho entregue é acima da média e merece reconhecimento.

Eles definitivamente deveriam estrelar um filme 100% comédia romântica.

O ato final é a melhor parte do filme, não apenas porque daí para os créditos é mais rápido, mas também pelos embates finais contarem com algumas das raras cenas de ação bens dirigidas do filme. Uma sequência próxima do final do longa consegue ser muitas vezes melhor do que exatamente tudo que a antecede, sendo surpreendente, eficiente e corajosa.

Do lado técnico, a produção pode se gabar de ter o uniforme do Aranha que mais agradou os fãs, sendo uma adaptação excelente do uniforme tradicional do personagem nos quadrinhos. Em relação aos demais visuais, com destaque ao dos vilões, Electro e Duende Verde, estes ficaram péssimos tanto como adaptação como para apresentação dos personagens para novos fãs. Ambos muito pouco criativos e sem inspiração, principalmente o de Electro, que já não é bem utilizado pelo roteiro do filme e ainda sofre com uma caracterização que o faz parecer o Dr. Manhattan.  A trilha sonora é muito boa, com a faixa do antagonista azul sendo a mais memorável.

Um dos vários pôsteres que a produção recebeu, a maioria é bem legal.

Concluindo, "O Espetacular Homem-Aranha 2- A Ameaça de Electro" pode ser descrito como uma ficção científica adolescente com camadas exageradas de uma comédia romântica, isto enrolado em um roteiro mal escrito, ritmo péssimo e uma direção abaixo da média na maior parte do tempo. Ao tentar renovar a bilionária franquia, esse pretensioso filme do amigão da vizinhança se transformou em algo que não deveria: uma irreconhecível história dentro de uma longa e amada série cinematográfica, o pior filme do Homem-Aranha, que, mesmo contando com um ótimo ato final, não o faz ser mais do que um filme ruim em meio a tantos outros.

Nota Crítica: 4/10
Nota Pessoal: 3/10

Escrito por Thiago Almeida

Comentários

Postagens mais visitadas