Primeiras Impressões: Saint Seiya: Saintia Shô

Não se engane pela imagem promocional, esse não é um texto sobre "Soul of Gold".

Justamente na segunda-feira após o (muito polêmico) primeiro trailer de Saint Seiya: Os Cavaleiros do Zodíaco, nova adaptação do clássico mangá de Masami Kurumada produzida pela Netflix, temos a estréia de um novo anime spin-off, baseado em um mangá também spin-off chamado "Saint Seiya: Saintia Shô". Será que este é mesmo o melhor momento para estrear uma nova produção dessa poderosa franquia?

Nessa nova perspectiva da história, acompanhamos a guarda pessoal da deusa Athena que é composta apenas por guerreiras, conhecidas como Saintias, tendo que combater uma poderosa nova inimiga: a deusa Éris, que seus súditos pretendem reencarnar no corpo da jovem Shoko. 

Com um plot interessante e bem típico de cavaleiros, Saintia Sho possui potencial. A forma como a série expande os horizontes deste universo com a criação das guerreiras Saintias, dando mais destaque as quase sempre esquecidas personagens femininas nas séries de Saint Seiya, é inovadora e bastante funcional. Porém, o anime (que terá seu primeiro episódio comentado aqui, deixando claro que eu não li o mangá) comete diversos erros em questão de narrativa, escolhas visuais e qualidade técnica.

As saintias são um conceito legal e nada é mais CDZesco que lutar para salvar/proteger alguém.

Este primeiro episódio passa uma sensação enorme de que muita, muita coisa mesmo está sendo empurrada para o telespectador. Caso a narrativa fosse melhor desenvolvida, acredito que o conteúdo presente neste capítulo apresentado daria em torno de 2 ou 3 episódios completos e bem fundamentados. O contexto da obra é bastante interessante, mas a confusão de diálogos e acontecimentos apressados acaba por enfraquecer e muito a assimilação da narrativa. Além disso, este spin off claramente não foi desenvolvido para atingir novos públicos e sim os velhos fãs da obra, então, por que tanta pressa se seu espectador já conhece a franquia e não precisa ser impressionado (com momentos de impacto que acabaram por ficar mal desenvolvidos) para continuar engajado?

Acompanhando os problemas com ritmo narrativo, a montagem e a edição colaboram para deixar tudo ainda mais confuso. Muitas cenas são mal cortadas e algumas transições muito confusas. Teve um momento em que eu achei que uma personagem havia morrido, mas ela tinha apenas saltado.

O mangá conta com um traço lindo e original.

A adaptação em anime optou por um traço mais "retrô" (provavelmente para despertar a nostalgia dos fãs mais velhos) ao invés do moderno e belo traço do mangá (ilustrado por Chimaki Kuori). A escolha me agradou no começo, porém não demorou muito para o traço se mostrar datado e pouco funcional. Os animadores simplesmente não conseguiram demonstrar expressões significativas com esse character design.

Com a produção a cargo do Estúdio Gonzo, a animação está muito abaixo da média.  Outro projeto recente do estúdio, Hinomaru Zumou, também decepciona neste quesito, que é um dos mais importantes na MÍDIA ANIMADA. Caso o roteiro ajudasse, não seria grande problema, mas além de acontecimentos atropelados, as cenas de ação (e as que não são de ação também) são péssimas.  O uso de CGI em alguns momentos chega a ser mais feio que a animação tradicional.

As screenshots são legais, mas em movimento o character design não funciona não (o que não é muito positivo para uma animação).

Saint Seiya: Saintia Sho é uma verdadeira bagunça. A adaptação neste primeiro episódio parece rushada, os visuais não funcionam e a qualidade técnica oferecida pelo fraco Estúdio Gonzo é decepcionante. Todavia, o plot da obra é interessante para aqueles que já estão a mais tempo engajados na franquia e a obra tem sim potencial para melhorar (corrigir erros na montagem e na quantidade de conteúdo por episódio ajudariam significantemente). Irei continuar acompanhando os próximos episódios da obra (mas não fazendo review aqui no blog), sendo que, mesmo que a qualidade não suba, como um fiel fã da franquia devo procurar pelo material fonte, que visualmente promete muito mais que esta aparentemente fraca adaptação.

Escrito por Thiago Almeida

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