Review Multiversal: "Desperate Little Red" ou "Quando medíocre é um elogio"


Ela está correndo de quem? Ninguém sabe, nem ela mesma.

Comecemos com uma historinha:

No dia que conheci este "jogo", eu havia acabado de chegar na faculdade. Meus colegas estavam extremamente desanimados e até mesmo enfurecidos. O motivo? Pediram para eles jogarem um jogo e fazer uma análise. Como tenho minhas raízes em gibis LIXO (como Corte das Corujas, O.M.A.C. e Capitão Átomo dos Novos 52), perguntei o nome do jogo e baixei-o. Após abrir esta coisa, instantaneamente me arrependi de ter dado mais um download para essa empresa (?). Mas hey, agora com Hero Strike a todo vapor, POSSO FALAR MAL DISSO PARA O MUNDO TODO LER!



Logo da "The 2nd Floor Studio", criadora desse lixo tóxico.

Porém, antes falemos um pouco sobre a "The 2nd Floor Studio". Eu achei 0 informações sobre esse estúdio(?) sem ser da própria página do facebook. Eles (assumindo corajosamente que é mais de uma pessoa que forma esta "empresa" (?) pela força do hábito), porém, tem um outro joguinho na PlayStore: "Um dia no parque", que simula 3 sofríveis jogos de parques de diversões em forma de minigames sem inspiração ou acabamento gráfico.

Pelo menos desses 3, dois são funcionais, ainda que isso só aconteça por serem iguais mecanicamente e terem macetes para pontuações máximas que acontecem de ser a única forma possível de jogar decentemente esses jogos. O terceiro dos minigames, de jogar a bola nas latinhas, é tão quebrado que se torna impossível de jogar sem se questionar "Como diabos alguém aprovou isso pra PlayStore?".

A falta de uma tela decente de fim de jogo não é tão esquisito quanto a falta de objetivos. Você joga argolas, bolinhas e dardos para... Nada. Mas não é desse jogo que iremos falar. "Um dia no parque" funciona, já o jogo que está no título desta análise... Tenham em mente que todos esses problemas que mencionei aqui estão presentes no jogo mais recente da desenvolvedora (?). SIM, "Um dia no parque" foi lançado em Outubro deste ano... Dois meses após a mais recente atualização de "Desperate Little Red", o jogo da Chapeuzinho Vermelho mais traumatizada da internet! E acredito que depois de jogar por mais de uma hora, testando bugs e caçando qualquer coisa que não me impedisse de desinstalar esta tentativa falha de fazer um jogo, estou qualificado para declarar que "medíocre" seria um elogio para essa... "coisa" (e também estou traumatizado).


"Eu vo mata o lobo maul" - Chapeuzinho Cheirada falando sozinha


Gráficos ultrapassados pra era do Play1 (que foi lançado há 24 ANOS atrás, veja só), bugs e mais bugs, botões não funcionais, controles que não respondem direito, pedidos ávidos de conexão com a PlayGames (esta parte acredito ser culpa da engine utilizada para a criação do jogo, mas ainda assim é um problema que incomoda DEMAIS), arte do ícone pega descaradamente da internet, juntamente com todas as músicas. Esses são as coisas que falaremos a seguir pois, assim como Jason diria: "Vamos por partes".

Começando pelo "jogo" em si, "Desperate Little Red" (DLR para facilitar minha horrenda vida) é um "produto audiovisual interativo" do gênero Infinite Runner (aqueles que você só corre e corre e corre, mas nunca chega a lugar algum) com a temática da Chapeuzinho Vermelho que está tendo uma crise de meia idade e resolveu correr sem parar nem pros donuts em seu caminho, que não somem após serem "coletados", o que me leva a crer que ela se tornou vegana, ou que está em uma mega dieta, e os pontos são o número de rosquinhas que ela evitou de comer no caminho. E é só isso mesmo. A descrição do App diz que ela está fugindo do Lobo Mau, mas o tal canino nunca é visto durante o jogo, o que me faz pensar que é apenas uma crise existencial mesmo com a descrição dizendo que ela está coletando donuts (o que ela NÃO faz) então o jogo é paradoxal para com seu conceito e me faz questionar muitas coisas, todas incluindo "por que ainda to jogando isso?".

Chapeuzinho sentada no chão pensando "Como eu deixei minha vida chegar neste ponto?"

Ok, isso foi filosófico. Voltando ao que interessa, jogar DLR é tão prazeroso quanto jogar um MOBA (massive online battle arena) com vinte downloads simultâneos em sua casa sendo feitos, ou seja, os controles tem um feedback demorado que facilita o jogador a ser morto pelos obstáculos de forma injusta, em especial o comando de deslizar, que tem um delay gigantesco para um jogo do gênero e, em conjunto com o obstáculo bugado que te faz utilizar o deslize da chapeuzinho, causa as mortes mais frustrantes do "produto audiovisual interativo".

O chão também desistiu.

A interface gráfica in-game é porca e mal feita. Sequer tem um medidor de "boost"¹ quando você pega o power-up que aumenta sua velocidade, resultando em mortes injustas e bizarras pois o jogador não é capaz de dizer quando vai voltar a ter a velocidade de uma tartaruga. É importante mencionar que, embora bugado, o jogo funciona melhor quando se tem o movimento acelerado pelo boost.

Um túnel, DENTRO DO Túnel!

Visualmente, DLR é ultrapassado e triste. Sua paleta de cores desinteressante, misturada com uma falta de vontade dos designers desse título criam uma experiência visual esquisita e preguiçosa, com "assets" que eu não duvidaria se me dissessem que foram feitos para outros jogos e apenas reutilizados aqui, como o chão que CLARAMENTE tem o começo e o fim da textura demarcados, dando pra ver onde a engine copia tal textura e quebrando a já fraca imersão do jogador.

Jogo perfeito, sem bugs - Mãe dos desenvolvedores
O modelo da Chapeuzinho, bem como dos troncos de árvore em seu caminho e das rosquinhas, é extremamente angular, dando a impressão que desenvolveram este jogo para os anos 90, não 2010 (pontos negativos extra para a perna da personagem atravessando seu vestido durante a animação de corrida).

Os menus do jogo são desinspirados e genéricos, e existem apenas 3: Menu principal, tela de game over e "shopping". A tela principal tem 2 opções: "play" e "shop", embora os ícones embaixo na tela sejam botões para um "ranking" e uma tela com as pontuações mais altas, eles NÃO FUNCIONAM. "shop" te leva para o "shopping", onde apenas uma skin alternativa de carnaval pode ser comprada, bem, na teoria. Isso pois o botão para comprar a skin NÃO FUNCIONA, te deixando preso com o modelo esquisito, com insônia e espartilho da Chapeuzinho Vermelho. A tela de game over também tem apenas duas opções: "Play Again" ou "Continue".

Ah, esquece, O JOGO DESISTIU (e não crashou)


O botão "Play Again"... TE LEVA PRO MENU PRINCIPAL ao invés de reiniciar a partida, isso talvez tenha sido feito pela preguiça dos desenvolvedores em adicionar mais um botão escrito "main menu" que levasse o jogador para a tela principal, ou inabilidade para realizar a "árdua" tarefa de reiniciar a corrida. Já o botão "Continue" te obriga a ver uma propaganda para que você reviva de onde parou.

A garota está voando depois de morrer. UM MILAGRE!


É, os desenvolvedores deste sofrível "jogo" tiveram a AUDÁCIA de querer GANHAR DINHEIRO COM ISSO. Bem, não os culpo, não é como se alguém fosse querer jogar isso por tempo o bastante a ponto de querer apertar continue, afinal, não tem como ver suas maiores pontuações, tornando o jogo uma total perda de tempo, sem objetivos e, mesmo se tivesse, não haveria forma alguma de mostrar que você chegou em tais objetivos.

Eu REALMENTE não sei quem fez esse jogo. Mas eu gostaria de parabenizá-los. Pois é extremamente difícil achar algo tão mal feito, mal polido, mal testado, mal otimizado e sem nenhum carinho ou amor para com a indústria dos videogames. Em outros carnavais, eu diria "pelo menos é jogável", mas hoje em dia eu sei que um jogo ser jogável é uma obrigação, nenhum título recebe isso como elogio pois é o mínimo que se espera que um jogo faça, igual esperamos que um adulto não mije nas próprias calças.

Ela morreu. Mas passa bem, inclusive ta correndo ainda.

Tudo isso fica ainda pior quando percebe-se que o jogo é apenas uma versão repaginada de outro jogo, muito melhor e mais popular, que é bem conhecido dos donos de celulares: Subway Surfers!
Mesmo esquema de obstáculos e comandos, mas sem a diversidade visual presente no jogo de metrô, DLR é apenas um shovelware de péssima categoria. A impressão que passa é que pegaram um projeto como base e nem sequer mudaram os comandos ou trabalharam em resolver os bugs.

Por fim, o ícone e as músicas...

Olha, normalmente eu não ligaria de um jogo pegar imagens, músicas e afins da internet. Sério, é grátis pra usar, então usa! O problema é que a trilha sonora não combina em nada, parece uma versão meia-boca da trilha sonora de Subway Surfers, e o ícone do jogo é uma vetorização com pequenas mudanças de uma outra imagem da internet, ou seja, NEM FIZERAM A ARTE PRÓPRIA, SÓ MUDARAM UMAS COISINHAS PRA NÃO PAGAR A GALERA DA NET!
Arte que aparece ao digitar "Little Red png
Ícone do jogo.

Minha nota inicial era 1/10, pois acredito que quando alguém pelo menos tentou, falhar pode ser educacional e importante, mas quando percebi que nem tentaram fazer algo bom com isso, minha nota se tornou a final, que é: "eu falaria para vocês baixarem e ver como é ruim, mas a empresa não merece mais downloads", ou um bom 0/10


Nota 1: Enquanto eu jogava, bugou e voltou a aparecer a barra de boost.
Nota 2: Isso estreia a categoria "Mathias Deveria Procurar um Psiquiatra Depois Disso". Dedicada ao pior que a indústria audiovisual tem a oferecer para o mundo.

Update: Consegui comprar a skin de carnaval. Custa 2000 rosquinhas, não 200 como está escrito na interface do jogo. Infelizmente toda vez que você volta pro menu principal, a skin é desselecionada, então toda vez que você morre, precisa ir e escolher a skin novamente.

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