Review Multiversal: Homem-Aranha No Aranhaverso (Sem Spoilers)


(Esta review não possui spoilers)

Tendo sacudido a indústria da animação como um grande terremoto no final de 2018, o abalador "Homem-Aranha: No Aranhaverso" só chegou nas terras tupiniquins no começo de janeiro de 2019 e, no interior de SP, nos últimos dias deste mês. Mas, agora entre nós, o encontro dos aranhas realmente sacudiu as estruturas do multiverso?

Na história, Miles Morales, um garoto do Brooklyn com problemas de relacionamento com o pai, é picado por uma estranha aranha que o dá poderes, o transformando no espetacular Homem-Aranha. Mais um Homem-Aranha, já que, após uma grande explosão multiversal, outros 5 aranhas acabaram no seu mundo.

Apresentando um roteiro muito bem amarrado, personagens super carismáticos e um estilo visual diferente de tudo já feito, Aranhaverso é surpreendente tanto como animação quanto como filme de super-herói. Mesmo que formulaico em sua forma, a execução aqui é exemplar. O roteiro não tem medo de dar tempo para os personagens crescerem, graças aos diálogos claros, significantes e bom ritmo narrativo, dosando muito bem sequencias de ação e momentos mais calmos, onde os personagens podem parar e conversar.

Cada personagem é único e relacionável. Será que em algum universo alternativo você é um Aranha?

Muito intimista quando preciso, o longa faz excelente uso de seus personagens complexos e carismáticos, tomando decisões corajosas e se atentando a diversos detalhes de trejeitos e personalidade, fundamentando com pequenos momentos, grandes personagens. Os momentos dramáticos possuem um peso enorme, com execuções "secas" quando necessário, e ações e reações críveis dos personagens, sendo muitas vezes tocantes. O filme ainda consegue entregar cenas e diálogos divertidos e engraçados, tornando a experiência ainda que intrigante por seu peso dramático, entretenimento puro.

Quando o foco vai para a qualidade técnica e escolhas visuais, Miles Morales e sua turma encantam ainda mais. A montagem e estilização com dezenas de referências aos quadrinhos, o uso de diferentes técnicas de animação que se complementam e potencializam, ajudam a entregar sequencias sensacionais. A ação é corajosa, dinâmica e os ângulos escolhidos transbordam estilo e funcionalidade. Os diretores Bob Persichetti, Peter Ramsey e Rodney Rothman entregam originalidade, coragem e experimentação a um nível que não me lembro ter visto em uma animação. Cada cena é única e imaginativa.

O character design é marcante e me faz querer comprar todos os bonequinhos.

Ainda visualmente. a cinematografia mostra um lado totalmente diferente do que os filmes de heróis tradicionais tendem a mostrar, o mundo é muito grande. A cidade é muito viva e real, os cenários e a atmosfera são tão urbanos que o realismo parece superar até as séries live action de heróis da Netflix. O uso das cores explora contrastes, casa elementos e intensifica as composições e enquadramentos, que também estão fantásticos. Enquadrando perspectivas que fazem excelente uso das possibilidades dos personagens e mundo, diversas vezes no cinema me peguei deslumbrado com a composição e detalhes que formavam momentos visualmente belíssimos. 

Toda a trilha sonora do filme é maravilhosa e casa perfeitamente com os momentos em que são utilizadas e a atmosfera da narrativa, "Sunflower"(ouça aqui), de Post Malone e Swae Lee, é um forte candidato para desafiar "All  The Stars" como melhor canção original para um filme de super-herói. 

Casando perfeitamente narrativa, visual e trilha sonora, Aranhaverso transborda personalidade. Seus personagens complexos e carismáticos são relacionáveis, seu mundo é rico e crível, o estilo visual é experimental e faz excelente uso de técnicas, cores e enquadramentos, turbinado com uma trilha sonora que intensifica atmosfericamente e significamente a experiência. Não existe um multiverso onde este filme não seja espetacular.

Nota Crítica: 10/10!
Nota Pessoal: Aranhaverso/10!



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Escrito por Thiago Almeida

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