Review Multiversal: A Pior das Bruxas- 1º Temporada


Antigamente quase sempre representadas como vilãs, as bruxas integram a cultura pop mundial desde seus primórdios, desenvolvendo uma longa e variada mitologia mágica por todas suas versões. "A Pior das Bruxas", série com alvo no público infanto-juvenil distribuída pela Netflix, nos dá uma perspectiva muito otimista das bruxas e toda a magia que as rodeiam, e, no texto de hoje, quero falar sobre sua primeira temporada.

Adaptação da série de livros escrita e ilustrada por Jill Murphy, a história acompanha a jovem Mildred Hubble, uma pré-adolescente normal que acaba indo estudar em uma escola de bruxas.

Mildred e sua melhor amiga Maud.

Começando por um pouco antes do começo, e já comparando logo de cara, em "A Pior das Bruxas" você encontrará dezenas de semelhanças com Little Witch Academia e até mesmo Harry Potter. MAS, é bom saber que o primeiro livro da série foi publicado em 1974 e, inclusive, já possui mais de uma adaptação em longa metragem, uma série de TV anterior e até mesmo spin offs! Mildred e suas amigas vem atravessando gerações em suas vassouras e já faziam um grande sucesso na Inglaterra (país de origem da obra) muito antes da Netflix botar seus olhos nelas! Esclarecimentos dados, vamos falar da série.

Lendo a sinopse no segundo parágrafo, já se tem uma boa noção do que esperar: histórias sobre amizade, rixas de pré-adolescente e a busca da protagonista por se encaixar. E, bom, isso é basicamente 90% da série. mas ainda tem 10%!! Para começar, preciso falar da construção de mundo estupenda que a série faz: as bruxas, com seus chapéus pontudos e roupas geralmente pretas, possuem gatos pretos (com exceção da protagonista, porque né, protagonista), estudam em um castelo velho e fazem feitiços em caldeirões, misturando ingredientes nojentos! Pode parecer clichê, mas ver a série abraçar a "versão clássica" das bruxas e ir fundo nela com uma roupagem atual é muito maneiro.

Maud e Mildred na série de livros.

A narrativa, por sua vez, anda com passos hora de um trenzinho de brinquedo nos trilhos, horas de um bêbado. Ela segue a linha que você espera e é divertido assistir, só que as vezes a narrativa dá uns tropeços e acaba cambaleando de uma maneira atrapalhada e pouco inteligente pra fora da linha, pra voltar logo em seguida. Coesão não é exatamente o forte dos roteiros aqui, mas não chega a atrapalhar a experiência como um todo.

Quanto as personagens, Mildred e suas amigas são personagens manjadas, mas muito funcionais. Elas movem a trama, todavia, não são responsáveis por todos seus eventos, mas sim por seus desenvolvimentos. Entre as mais interessantes personagens estão a já citada Mildred, protagonista da série e garota tentando se encaixar, ela se esforça, porém, quase nada que faz dá certo. É gentil, insegura e impulsiva, gosta de se divertir como uma garota de 12 anos gostaria se estivesse em uma escola de bruxas, e isso acaba lhe dando ainda mais problemas. Maud é a melhor amiga de Mildred e uma das melhores alunas da sala, também possui uma forte insegurança e medo de não ser boa o suficiente para seus pais. Ethel é a típica antagonista, uma excelente aluna que sempre está implicando com a pior das bruxas . Tem inveja de sua irmã mais velha, Esmeralda, que acaba por ficar com todas as heranças e atenções de seus pais por ser a primogênita, já que a hereditariedade é coisa série pras bruxas. Por fim, temos Ada e Agatha Cackle, a diretora boazinha da escola e sua irmã gêmea do mal, é.


A obra, além de divertir com sua narrativa e construção do mundo, desenvolve temas interessantes como esforço, merecimento, bondade, amizade, entre outros tantos, não muito aprofundados, mas satisfatoriamente apresentados e desenvolvidos.

Nos quesitos técnicos, "A Pior das Bruxas" é uma co-produção internacional entre Netflix, CBBC e  ZDF, e cumpre bem seu papel: ser uma série infanto-juvenil com bruxas e magia contando com um orçamento relativamente baixo. No lado dos efeitos visuais, nada é crível, mas a proposta não é essa. A série usa-os bem, sem abusar, e logo logo o espectador se acostuma e nem liga mais. É bem funcional e, confesso que adoro efeitos baratos. Os efeitos práticos por sua vez, nas poções e alguns fantoches de animais, são meio cartunescos também, e se encaixam no estilo da série. Não atrapalham em nada. As locações escolhidas, entre Inglaterra e Alemanha, são lindíssimas e um belo lugar para se passar as férias. 

As duas primeiras temporadas estão disponíveis no Brasil na Netflix, com uma ótima dublagem!

Apresentando bons personagens e uma ótima construção de mundo, "A Pior das Bruxas" se sobressaí no tumultuado universo de live actions teen, mesmo com uma narrativa não tão coesa, adaptando novamente um clássico infanto-juvenil britânico, dando uma nova roupagem e distribuindo-o mundialmente! Isso sem contar, claro, os visuais esforçados e baratos, que são a cereja do bolo.  Que a magia de Mildred Hubble e suas amigas continue crescendo pelas próximas temporadas da série!

Nota Crítica: 8!
Nota Pessoal: 8.5!

Escrito por Thiago Almeida

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