Review Multiversal - O Capuz (The Hood)

As vezes a gente só dá sorte e, caminhando pela cidade em pleno ano 2019, encontra numa feira do livro um gibi de 2002 de um selo já acabado da Marvel sobre um maluco que comete latrocínio contra um demônio.

É, eu sei. Bem específico.

É... Eu compro gibis. A maioria, pelo menos.



Mas essa é a historia de como eu consegui minha cópia do primeiro encadernado de "O Capuz" (The Hood), título do selo Marvel MAX publicado originalmente em 2002 e que saiu aqui em formato capa dura pela Panini em 2016, numa edição que copila as edições 1 a 6 da série original. O roteiro fica por conta de Brian K. Vaughan ("Y, O Último Homem" e "Fugitivos"), e a arte é assinada por Kyle Hotz ("X-Men 2099").

A narrativa segue Parker Robbins, um cara que vive de bicos e roubos esquematizados por seu primo, vai com frequência visitar uma garota de programa, as vezes vai ver sua mãe no hospital psiquiátrico e tem uma namorada/esposa(?) grávida. Nesses esquemas do seu primo, eles acabam encontrando o que parece ter sido o local de uma invocação satânica e, após meter duas balas na testa do que aparenta ser um demônio, ele rouba a capa e as botas do bicho. Pois, sabe, É ISSO QUE AS PESSOAS NORMAIS FAZEM, ROUBAM DE DEMÔNIOS.

Não tem cara, mas ele é um babaca.

Enfim, depois de descobrir que as botas o fazem conseguir andar no ar e que a capa o concede invisibilidade quando prende a respiração, ele rouba um carregamento de diamante de um ex-associado do Rei do Crime, vira um alvo de supervilões e ainda entra na mira do FBI. E a HQ engrena a partir daí, eu não quero dar mais spoilers.

O charme da HQ é mostrar no começo como uma pessoa quase normal (bandido) vê os superseres e como é viver num mundo onde o "super" é rotina. O fato de que um futuro pai de criança mete dois tiros em um DEMÔNIO como se fosse uma terça-feira na vida do Coringa é bizarro mas funciona no contexto.

Não roubem demônios.

A arte, porém, me incomoda um pouco. O estilo do Hotz não é algo que me chama a atenção (a capa chama, mas é mais por parecer algo alternativo e não super-heróico), e nem sempre o colorista/arte-finalista consegue deixar legal. Não é horrível (um salve pro Ruimberto Ramos, que demorou vinte anos pra desenhar bem o homem aranha), mas poderia ser bem melhor.

Já o roteiro é incrível. Vaughan entrega aqui uma origem de super-vilão que entende o conceito de ser vilão. O cara sabe que ta errado e quer mudar de vida (até no final a gente tem uma dica de que talvez ele se torne um herói), mas a influência do personagem pelo universo Marvel e as participações dele em posições cada vez mais altas no crime organizado da Nova York fictícia do universo 616 desde sua criação mostram que ele não só é incapaz de ser um herói, como ele gosta de ser vilão.

Outra aparição notável do personagem é no evento "O Cerco", onde ele ajuda os heróis da Marvel a combater O Vácuo durante a batalha final. Na ocasião ele usa as Pedras Nornes, mas ai já é outra historia...

VALE NOTAR! Se você é de Ourinhos, está rolando a feira do livro em frente a biblioteca municipal no momento em que este post está indo ao ar! Ela vai continuar até o dia 22! Deem uma passada lá!

Feira do livro! Tem muita coisa!

Nota Crítica: 6.5/10. Uma historia de Origem que não finge ser mais do que isso e deixa ao final o gostinho de quero mais. Os desenhos não são para todo mundo, mas a narrativa é. Recomendado.

Nota Pessoal: 7/10. Eu esperava algo mais mágico e me encontrei lendo uma historia de máfica, praticamente. É bom, mas não bem o que eu tava caçando na feira do livro... Ainda recomendo.

Escrito por Mathias

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