Dica de Cartoon: Hilda


O mundo é um lugar estranho, sombrio e, em seus recantos mais belos e desconhecidos, místico. No meio de árvores, móveis, prédios ou até mesmo séries genéricas, podem existir tesouros belos e únicos, que nem todos um dia vão encontrar. No dia de hoje, quero facilitar o caminho indicando uma dessas coisas tão incríveis: a série animada Hilda.

Hilda segue as aventuras de uma garota destemida de cabelos azuis enquanto viaja de sua casa em uma vasta floresta mágica cheia de elfos e gigantes, até a movimentada cidade de Trolburgo, onde conhece novos amigos e criaturas misteriosas que são mais estranhas - e mais perigosas - do que ela esperava. (Sinopse adaptada do IMDb).

Poster oficial da série animada.

A série animada original da Netflix, da qual vou falar hoje, é na verdade uma adaptação da série de quadrinhos infanto-juvenis homônima de autoria de Luke Pearson, e que conta atualmente com 6 volumes. Todavia, boa parte do material presente na série é original, momentos dos quadrinhos estão adaptados, mas histórias e arcos narrativos novos foram criados exclusivamente para a série, que tem co-produção executiva e supervisão do próprio autor dos quadrinhos! 

Um dos pontos mais interessantes do mundo de Hilda e seus amigos, onde os humanos convivem com o fantástico, mesmo na maior parte do tempo o evitando, é que existe um grande fascínio da garota por olhar tudo por uma perspectiva diferente, mesmo que isso a leva para algumas confusões as vezes. Enquanto a maioria das pessoas "normais" estão tentando viver suas vidas normais com o mínimo de contato com o desconhecido que podem, Hilda quer conhecer esse mundo e expandir cada vez mais suas perspectivas, de maneira pacífica e positiva, claro (mas as vezes as coisas fogem do controle...).

Primeiro volume dos quadrinhos, publicado no Brasil pela Quadrinhos na Cia. .

Tudo bem, eu sei que muitas personagens de muitas obras diferentes tem a mesma perspectiva, mas juro que aqui as coisas são diferentes. O mundo fantástico e diferente apresentado é ainda assim tão... comum, as personagens são únicas e críveis e é tudo tão criativo e encantador. O clima de fantasia urbana da série se alia a vontade inerente da personagem título de desbravar o mundo, de ser uma porta aberta para o que todos ignoram ou parecem não se importar, o que faz cada aventura ou problema ser mais rico e nos faz questionar todo o ambiente e suas crenças pré-determinadas, incluindo as nossas próprias. 

Além da garota de cabelos azuis, a série com um ótimo elenco de suporte , como a mãe de Hilda, que mesmo não querendo limitar sua filha, se preocupa muito com ela e postura sempre amigável com criaturas místicas, que vão além de sua compreensão. Os amigos de Hilda, Frida e David, não servem exatamente ou apenas como freio para a garota, eles são crianças "normais", possuem um senso comum mais forte e que os tornam mais relacionáveis, mas ainda assim são escoteiros apegados a uma boa aventura e mistérios, além de possuírem seus próprios arcos de personagens, que são interessantíssimos. Enquanto Frida é uma garota exemplar e que segue todas as regra a risca, David é medroso e distraído, duas personalidades muito bem escritas para as personagens como elas mesmas e que ainda geram uma dinâmica incrível com a impulsiva e curiosa Hilda.



Quanto as questões técnicas, elas são impecáveis. A série animada captura muito bem o espírito dos quadrinhos, tanto em suas cores e composições, que parecem tiradas das páginas, enquanto a sua trilha sonora e direção, casam de maneira espetacular com a essência da história.

O design das personagens são dinâmicos, criativos e originais, tanto dos humanos, como principalmente das criaturas, que são baseadas em lendas do folclore escandinavo, o que é muito interessante. Luke Pearson, o autor, usou como fonte de pesquisa transcrições de lendas orais de outrora, o que fez com que na série as criaturas fossem por um lado mais tradicional e de certa forma diferente, ao invés de seguir as representações estabelecidas por Tolkien, o que geralmente acontece.

O mundo é de fato um lugar ainda a ser descoberto e tudo o que precisamos é estar dispostos a aceitar coisas novas e olhar de perspectivas diferentes para o que nos é apresentado. Hilda é uma série que abraça o diferente e estende a mão para o fantástico com um sorriso no rosto. Talvez devêssemos pensar em fazer o mesmo com tudo de fantástico e diferente que há por aí e, com certeza, deveríamos estar assistindo a essa bela e criativa história.



Escrito por Thiago Almeida

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