Review Multiversal- Ratatouille


Todos podem cozinhar. Até mesmo um rato! Sim, caro leitor, Mickey Mouse pode fazer lasanha! Mas provavelmente não faz porque é rico e pode pagar alguém pra fazer pra ele. Ok, isso não vem ao caso agora, já que o texto de hoje é sobre Ratatouille, um dos filmes mais marcantes da Pixar!

Um ratinho que tem o sonho de se tornar chef de cozinha se une a um jovem cozinheiro. Juntos, eles são a receita perfeita para pratos deliciosos, mas terão obstáculos a vencer. (Sinopse da Globoplay, provavelmente do mesmo autor das chamadas da Sessão da Tarde).


Escrito e dirigido por Brad Bird (Os Incríveis, O Gigante de Ferro), após assumir o projeto já iniciado por Jan Pinkava (O Jogo de Geri), Ratatouille foi lançado em 2007 e surpreendeu a todos por seu conceito inventivo, grande força narrativa e personagens bem desenvolvidos. Assim como fez em "Os Incríveis", aqui Bird entrega uma narrativa madura (até mesmo para os padrões da Pixar) e que chega a parecer mais direcionada para adultos do que para  crianças, já que temas mais sérios são abordados e um desenvolvimento bem menos "aventuresco" que as outras produções do estúdio é escolhido. Isso é algo ruim? COM CERTEZA NÃO.

Narrativamente, o longa assume riscos e tem grande força temática. Acompanhamos o rato Remy, apaixonado por culinária, em seu caminho nada usual para se tornar um cozinheiro em um restaurante francês. Partindo do ponto de "qualquer um pode cozinhar", a jornada do nosso personagem principal tem no mínimo um grande feito: contornar (porém, sem fugir completamente) a fórmula Pixar, estrutura que o estúdio usa em praticamente todos os seus filmes e geralmente acaba deixando muitos deles parecidos. Aqui, a equipe optou por uma aventura um tanto mais contida, mais focada em apenas um lugar, o que beneficia muito a experiência, fugindo do usual e destacando o filme dentre os vários longas de destaque do seu estúdio.


O ritmo narrativo de Ratatouille é ótimo e muito intenso quando precisa, como em seu primeiro ato, onde a direção de Bird se mostra firme, colocando tensão e dinamismo nas cenas onde a frágil vida de seu protagonista corre perigo e, em seu segundo ato, desacelerando a tensão em troca do drama de seus personagens e desenvolvimento de seus temas, sem esquecer de ótimas cenas cômicas para dar a leveza que contrabalanceia o prato. Entretanto, no terceiro ato do filme, senti falta de uma maior tensão e senti que alguns cortes entre cenas foram abruptos demais, mas isso felizmente não tirou o poder do clímax e a beleza do epílogo.

Agora, falando um pouco mais especificamente sobre as personagens que movem a trama, nosso protagonista é Remy, um rato que ama culinária. Ele é muito interessante, porque, por um lado, quer se tornar um chef, cozinhar, mas para isso precisa lidar com sua família e, claro, com o fato de que é um rato. Algo que Remy e todos os personagens desse filme tem em comum é que eles tem personalidades muito claras e bem definidas, no sentido de você conseguir facilmente sentir que são seres complexos e diferentes um dos outros e isso é extremamente louvável. 


Linguini, o co-protagonista, é desastrado, inseguro e gentil, e reage aos acontecimentos da maneira que só ele poderia reagir. Colette é uma mulher determinada, que sente o peso e enfrenta os desafios de tentar se destacar em um ambiente machista como a culinária profissional (porém, importante frisar que algumas decisões tomadas para a personagem envelheceram bem mal...), Gusteau é inspirador e, mesmo só conhecendo a sua versão da imaginação de Remy, é notável como ele e sua visão influenciam quem tocam. Skinner, o antagonista e chef responsável pelo Gusteau's, acaba sendo o mais unilateral dos personagens, mas ainda sim possui seu charme e desempenha muito bem sua função. Outros personagens menores, como a família de Remy e os demais cozinheiros, também possuem traços claros e únicos de personalidade, ainda que não apareçam tanto. AH, quase me esqueci do Ego, o crítico! Não sei nem o que comentar, é um ótimo personagem, um dos melhores do estúdio.

Quanto as questões técnicas, é um filme da Pixar, então é claro que tudo é lindo. O que tenho para destacar são os excelentes designs de personagens, que são muito bem variados e se aproveitam das formas para potencializar as personalidades fortes das personagens. Os artistas de storyboard do filme também fazem um trabalho muito acima da média com enquadramentos muito interessantes e que servem muito bem a função de cada cena.


Ratatouille é um filme corajoso, criativo e com personagens muito fortes liderando um tema muito bonito. Apesar de cometer alguns deslizes de ritmo e representação, a força narrativa move uma história bela e não usual sobre coragem, determinismo e paixão. 

Nota: 9!


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ATENÇÃO: Durante esse período bem chato e necessário de quarentena, a Globoplay está disponibilizando todo seu conteúdo infantil gratuitamente, e isso inclui Ratatouille e outros ótimos filmes da Disney e Pixar, como Mulan, Hércules e Up! Recomendo muito que fique em casa e aproveite para assistir algumas dessas pérolas! (E tem Ladybug também, que é bem legal.)

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Por hora, até o próximo texto!

Escrito por Thiago Almeida

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