X-Men: A Batalha do Átomo é um COMPLETO Fracasso

Eu posso te garantir que não é tão bom quanto parece.

 

Eu sempre fui fã dos X-Men. Desde o primeiro gibi que li, do primeiro filme, onde Wolverine era galã e Ciclope um bundão, até a fase do Hickman nos gibis mais recentes (que já acabou e eu pretendo maratonar também, no futuro próximo). E, claro, quando a franquia fez 50 anos, eu fiquei NO HYPE, aguardando a primeira oportunidade de colocar minhas mãos no encadernado quando saísse no Brasil! Mas... valeu a pena esperar?

 

Eu gostei (com MUITAS ressalvas) de Vingadores vs X-Men, e aguardava com ansiedade saber mais do futuro mutante, que parecia brilhante e pronto para uma reviravolta épica, com a ressurreição da espécie que porta o Gene X através dos poderes da Força Fênix. Porém, 2013 foi um ano corrido para mim, e juntando com a minha inabilidade de ler em inglês na época, eu necessitava de fã-traduções, que nem sempre eram rápidas. No fim do dia, eu apenas me esqueci de ler. E junto de tudo que passei em 2013, o mundo só seguiu em frente. Eu segui em frente... Até esta semana, quando me deparei com algo que a Beatriz do passado comprou para mim.

Pois é, achei um encadernado de X-Men: A Batalha do Átomo perdido na minha estante cheia de livros de RPG enquanto procurava pela minha cópia da terceira edição de Mutantes e Malfeitores em português. Eu não tenho IDEIA de quando comprei, ou se foi um presente de outra pessoa. Eu só sei que tenho um encadernado de X-Men: A Batalha do Átomo aqui. Então resolvi ler. E depois de ler, eu me encontrava com muitas perguntas, que me fizeram ir atrás dos outros gibis de X-Men na época. Em específico... os X-Gibis escritos pelo careca que menos gosto: Brian Michael Bendis.

Bendis, após Vingadores vs X-Men, escreveu dois gibis mensais de X-Men, e se tornou o cabeça de uma nova fase para a raça mutante: Novíssimos X-Men e Fabulosos X-Men. Além disso, os escritores Brian Wood e Jason Aaron também seguiam com suas próprias revistas: Brian Wood com a revista simplesmente chamada X-Men e Jason Aaron no comando de Wolverine & Os X-Men. Agora, eu posso soar meio babaca quando digo isso, mas eu realmente não me importo com as revistas de Wood e Aaron, já que, bem, eles não são escritores que eu tenho qualquer apego ou desafeto pessoal. Mas o Bendis? HOHOHO... Eu tenho uma relação pessoal meio conturbada com o Bendis.

Eu posso falar por horas sobre o que acho e não acho de seu trabalho (e sobre como Dinastia M foi quando o careca quebrou de vez e surtou), mas eu estava curiosa em descobrir o que ele fez em seu run com os X-Men, e tendo duas revistas mensais pra ler, me propus um desafio: ler toda a fase do Bendis no comando dos X-Men. E eu desisti bem rápido até, pois infelizmente essa fase do Bendis se encaixa bem no começo da fase anti-mutante da Disney/Marvel. Eu queria ter saco pra falar sobre toda essa bizarrice que foi a tentativa da editora vermelha em forçar os inumanos como a nova metáfora para minorias sociais enquanto enfiavam os X-Men de volta no armário, mas não sou tão resiliente assim.

Enfim, me comprometi a ler apenas o que veio antes dessa tentativa de apagar os mutantes da cultura pop. Ou seja, só os primeiros 6 encadernados da fase do Bendis (bom, 5 se não contarmos Batalha do Átomo, mas porra, o texto inteiro é pra falar sobre essa bendita briga atômica, então é, eu vou contar como 6).

E é isso, vou falar o que pensei de cada encadernado separadamente e, no final do post, falo sobre o todo. Vamos lá!

 

Os X-Men de Ontem

 

Eles não são os X-Men originais do seu pai...

A nossa saga explorando a onda de X-Revistas do Bendis começa com "Os X-Men de Ontem", e eu posso dizer que é absolutamente uma das piores ideias que alguém já botou no papel E recebeu a carta verde pra produzir e, pior de tudo, vendeu bem. Em par com o filme de 2015 do Quarteto Fantástico (lembram desse filme? Eu queria conseguir esquecer), esse gibi é incrivelmente idiota.

A trama desse encadernado, bem como toda a trama que nos leva até A Batalha do Átomo, gira em torno das consequências de Vingadores vs X-Men e, bom, um time dos X-Men vindos direto dos anos 60. Pois é, viagem no tempo em um gibi dos X-Men é algo até que comum, mas desta vez é especial: O Fera, inspirado tanto pelas idiotas palavras de Bobby Drake (o Homem de Gelo) quanto por uma doença não explicada relacionada à sua mutação secundária que está lentamente o matando, resolve viajar até o passado e convencer os X-Men do passado a irem pro futuro e convencerem o Ciclope do presente a parar com sua revolução mutante iniciada no epílogo de Vingadores vs X-Men.

E... bom, Fera mente para os X-Men originais (que vou chamar de X-Jovens pois vou falar muito X-Men e não quero confundir as equipes) dizendo que Ciclope cometeu um genocídio mutante. A mentira se prova efetiva e convence os X-Jovens a irem até o futuro, onde loucuras acontecem e é tudo muito... idiota.

A motivação inicial dos X-Jovens é pautada em uma mentira, que eles logo descobrem, porém quando o Fera do presente quase morre, a Jean Grey do passado lê sua mente e descobre suas infindáveis mortes, as múltiplas batalhas intergaláticas, seu julgamento alienígena, etc. Agora, motivada a impedir o futuro de acontecer, ela convence os X-Jovens a ficarem no presente, mesmo contra tudo que os X-Men mais cheios de sanidade pedem, e eles acabam se provando efetivos em chocar o Ciclope do presente.

Olha, eu vou ser brutalmente honesta. Eu acho idiota a premissa dos X-Jovens. A desculpa do Fera estar com uma intensa insanidade causada por sua dor e, por isso, fazer algo tão idiota é incrivelmente babaca. É um desrespeito com o Fera. Mais do que isso, é uma conveniência de roteiro absurda feita apenas para justificar uma ideia idiota. E, bem, tudo nesse primeiro encadernado é um setup para o que vem depois.

E, bom, não é só isso que é ruim. Esse gibi também conta com uma coisa que eu abomino em todos os gibis do Bendis: a completa descaracterização de todos os personagens preestabelecidos envolvidos nas aventuras. Todos os X-Men adultos são escritos como personagens que o Bendis precisa pro roteiro funcionar. É uma desgraça. Além disso, a forçação de barra pros X-Men serem completos cretinos e ignorarem que o Ciclope está certo... É deprimente e mostra que, assim como os outros gibis vão mostrar também, Bendis não tem muito interesse em usar os X-Men do Wolverine, e nem vontade de trabalhar em equipe com o Jason Aaron e Bryan Wood.

O Wolverine, em específico, é o personagem que mais sofre com a descaracterização. De um líder pouco competente para um animal completamente inútil, Logan é tratado com desrespeito em toda oportunidade que o Bendis consegue. Mas enfim, não tenho muito o que falar, apenas que todo o setup de X-Men de Ontem é idiota, a trama é fraca e os personagens, especialmente todos além dos X-Jovens são mal escritos. Pelo menos, existe esperança. Bendis REALMENTE queria escrever a Jean Grey, e não é a toa que ela é a que mais ganha destaque entre os X-Jovens. O jovem Fera também, estranhamente, ganha destaque. Em parte pois acho que o Bendis meteu um self-insert ali. O jovem Scott Summers também ganha destaque, mas não muito. O que é estranho, já que ele era o motivo do Fera adulto ter ido ao passado, mas hey, ele também foi o melhor aproveitado por outros autores depois da fase do Bendis, então não posso reclamar.

No geral, achei X-Men de Ontem MUITO ruim. Eu não consigo gostar, e eu tentei.

 

Revolução

Cyclops says A.C.A.B.

 

Revolução é o outro lado da moeda, acompanhando os X-Men do Ciclope, que estão resgatando novos mutantes que estão aparecendo pelo mundo. Tocando em problemas como Brutalidade Policial, racismo e outros "temas padrão" de gibis mutantes, Revolução mostra que o Bendis, apesar dos bendiálogos, sabe escrever X-Men.

É sério, eu estou sendo honesta. Eu gostei. Eu gosto dos mutantes novos, eu gosto da atitude do Ciclope, eu gosto de como Bendis usa todos os personagens aqui com uma exceção gritante. Eu não tenho nem o que dizer fora "é bem bom!"... Exceto pelo twist do Magneto ser um agente duplo triplo. Aquilo é desnecessário e não acrescenta nada até a Batalha do Átomo. Tenho certeza absoluta que no futuro talvez alguma coisa aconteça com esse plot, mas eu não tenho paciência pra ler tudo do Bendis, tenho meu limite pros Bendiálogos. Minha maior reclamação real é que começa mais coisas do que termina. Mas hey, isso mostra que o Bendis tem ideias E sabe não correr com a narrativa! Sei que parece pouco, mas eu to tão acostumada com coisa ruim que aceito o mínimo.

Ah é... E eu odiei o final. Terminar encadernados com ganchos devia ser pecado.

E, bom... no geral, Revolução é bom! Realmente algo que gostei de ler!


Criando Raízes

 

Eles enfrentam os Vingadores aqui. Não é tão legal quanto parece lendo minha legenda.

Criando raízes é só... Mais do mesmo que tivemos em X-Men de Ontem: setups pro futuuuuuuuro. Eu não gostei, e não quero me prolongar muito.

Acho que o maior problema de criando raízes, assim como X-Men de Ontem, é que mostra o quanto Bendis 1- não tá nem aí pros outros escritores dos X-Men e 2- não parece realmente ter algo que quer fazer com os X-Jovens. O que é curioso. Não sei se os X-Jovens vieram com o Bendis (aka: ele que teve a ideia) ou foram um mandato editorial. Da forma que é escrita, essa historia, e toda a fase do Bendis, me faz pender pra segunda opção, já que ele nunca parece ter muito o que fazer com os X-Jovens exceto "OLHA COMO O CICLOPE MUDOU!" Mas ao mesmo tempo... ele parece ter uma obsessão esquisita com a Jean Grey adolescente, então sei lá.

Ah sim, sobre Criando Raízes: é mediano. Embora eu tenha dito que é só "mais do mesmo", existem melhoras. Só não é algo que me faz querer ler mais dos X-Jovens. Eu não consigo me importar com os motivos deles, eles foram enganados e raptados pro futuro, não me importo com eles. E honestamente não quero me importar.

 

Destroçados

Quem será que está enforcando o caolho???

 

A continuação direta de Revolução... Finalmente o time do Ciclope começa a sofrer os mesmos problemas dos X-Jovens de começar plots e não terminar. Mas hey, pelo menos termina o plot de Revolução! :D

É... Destroçados não é tão bom quanto Revolução. Eu fiquei decepcionada com isso, já que queria que pelo menos metade da minha experiência fosse consistentemente boa. Pelo menos, Bendis evita a maior armadilha que outros escritores cairiam com o setup de "Ciclope salvando novos mutantes pelo mundo" e não cria vinte mil mutantes novos.

Temos uma boa exploração dos mutantes novos: Bolas Douradas, Tempus e Triagem são bem desenvolvidos e cativantes, com boas motivações e atitudes diferentes, os novatos se destacam facilmente. Além disso, os mutantes antigos são bem trabalhados (relativamente). Temos boas ideias para arcos, como os sentinelas da S.H.I.E.L.D. (que vamos ver mais em Batalha do Átomo e além). Temos... Bons designs? É, sim. Acho que sim.

E é isso. Eu não tenho nada de realmente ruim pra falar, apenas que não é tão bom.

 

Deslocados

 

O Bendis precisou chamar o time bom que ele escreve pra salvar essa mensal.

Ok, a real é que eu não liguei pra Deslocados. Eu não liguei pra X-Men de Ontem e não ligo pros X-Jovens. Eu não sei por quê ainda estou falando disso ainda. Eu vim por Batalha do Átomo.

Mas, tem algo aqui. Uma lição.

Eu acho que exagerei e li mais do que devia. Acho que eu podia só ter lido Batalha do Átomo e falado apenas sobre isso. Mas... A minha ideia era maior. Eu achei que teria mais o que dizer, mas eu não tenho. Nada aqui é memorável pra mim. Nem um quadro, nem uma historia. Deslocados é... Nada. Nem ruim e nem bom, arrisco a dizer que nem medíocre. Pra ter ideia eu tive que vir editar o texto pois nem lembrar de Deslocados pra colocar imagem eu lembrei. É uma declaração de como nada acontece (fora o anjo ir pro time do Ciclope, mas isso realmente importa tanto quando, spoilers, o time todo vai com ele depois do crossover?).

Deslocados existe para me ensinar que talvez eu possa apenas ler o que eu quero ler sem me forçar a ler uma fase inteira de um escritor que não gosto.

Pelo menos agora posso falar de...

 

A BATALHA DO ÁTOMO

 

Se tudo acabasse aqui, eu seria uma mulher feliz.

Ok, depois de todo esse post dedicado a chegar até aqui, seria muito babaca só dizer que "eh, achei ruim e desinteressante"?

O plot é simples: Os X-Men do Passado, ao decidirem ficar no presente, acabam tendo uma batalha entre as duas X-Equipes do Hickman contra Sentinelas da S.H.I.E.L.D. que termina com o Ciclope do passado gravemente ferido, o que quase mata o Ciclope do presente, criando uma urgência entre os adultos do lado do Wolverine pra mandar os X-Jovens de volta pro passado. A situação só piora quando os X-Men do Futuro retornam ao presente para ter certeza de que os X-Jovens voltem pra onde nunca deveriam ter saído.

Eu poderia falar o quão legal o drama da equipe dos X-Jovens é, mas eu estaria mentindo. Apenas Jean Grey e Ciclope adolescentes conseguem qualquer nível de foco durante o evento inteiro. O ritmo é ruim, as historias contadas são chatas, os vilões POR ALGUM MOTIVO são "twists" que você vê vinte páginas antes do plot twist ser revelado.

Uma observação que gosto de fazer é o quão bizarra que é a facilidade de saber quando troca de escritor. Aaron, Wood e Bendis não tinham a mesma visão do evento, nem do status quo e nem dos personagens. É quase incrível o quão desorganizado esse evento parece ser. Especialmente quando se trata do Wolverine sendo escrito pelo Bendis como um completo animal semi-irracional e incompetente e sendo escrito pelo Jason Aaron como um líder capaz e sábio, que sabe o que está fazendo.

E pior de tudo? Tem ZERO impacto real. O evento de CINQUENTA ANOS da franquia mutante termina com os X-Men exatamente onde começaram o evento, só que dessa vez os X-Jovens vão com o time do Ciclope, que não tava tentando forçar eles de volta ao passado. Ah sim, a "Irmandade de Mutantes do Mal do Futuro" fica no presente também, mas realmente importa? Não, não importa. Nada aqui importa. Não tem uma celebração real, são só referências e piadocas.

A Batalha do Átomo é esquecível, medíocre e inconsequente. É uma vergonha.

E agora me lembro o motivo de ter lido tudo até aqui: eu não tinha muito o que falar sobre a Batalha do Átomo em si. Pois nada realmente acontece fora "X-Jovens e Time do Ciclope se juntam contra vilões". Eu tenho ZERO vontade de continuar lendo. ZERO vontade de saber o que aconteceu com os X-Jovens e como eles voltaram pro passado. ZERO vontade de sequer ir atrás do resto do run do Bendis. Eu não gosto de como ele escreve gibis de uma forma primordial. Não importa a qualidade do trabalho dele, eu não gosto de ler os trabalhos dele por que são escritos de uma forma que me desagrada profundamente.

E é isso. Eu tentei me forçar a ler "O Bom, O Mau E O Inumano", mas parei na metade. Foi quando a Disney começou a forçar a barra contra os X-Men, antes do Mickey comprar "A Parte Cinemática da Raposa das Fake News". Tem uma one-shot legal com um dos mutantes novos aprendendo a usar seu poder e o resto me irritou. Acho que o Bendis também não gostou da forçação de Inumanos, já que pelos desenhos de capa, parece que os X-Jovens vão pro espaço.

No geral? Não recomendo A Batalha do Átomo. Nem se você for fã do Bendis, já que ele não é o único que escreve aqui. Foi uma grande perda de tempo ler isso tudo. Pelo menos isso acabou faz dez anos e nada mais aqui importa.

Gibis ajudam a colocar as coisas em perspectiva, não?

 

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No próximo texto, eu volto a falar de X-Men, mas dessa vez nós vamos até Krakoa conferir O Amanhecer do X! Nos lemos lá, até mais!!


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