Review Multiversal: Oblivion Song - Volume 1
Na década passada, Robert Kirkman e sua legião de zumbis
chegaram muito perto de dominar o mundo. "The Walking Dead" lançou a carreira do
já popular Kirkman a níveis estelares, trazendo grande atenção para este já
aclamado autor, que conta ainda com títulos como "Invencível" e “O Irredimível
Homem-Forgmiga” em seu currículo. No ano de 2018, o Homem-Kirk decidiu lançar
sua mais nova investida, Oblivion Song, e nesse texto vamos falar sobre o
primeiro volume da série, que compila as edições de 1 a 6.
Dez anos atrás, uma grande parte da população da Filadélfia
foi transportada para outra dimensão, onde perigosas criaturas habitam. O
governo, com o tempo, desistiu de enviar missões de resgate, mas Nathan segue
indo para esta terra mortal em busca de sobreviventes.
Além de Robert Kirkman no roteiro, Oblivian Song conta com a
bela arte do ilustrador italiano Lorenzo De Felici, neste que é seu primeiro
grande trabalho. A publicação mensal americana ficou por conta da Image Comics,
enquanto a brasileira está a cargo da Intrínseca, que vem lançado os volumes
compilados.
Partindo para a narrativa, preciso dizer que desde a primeira vez que li a sinopse de Oblivion Song, não consegui não pensar naquela história real do pai japonês que volta para Fukushima todo ano a procura dos corpos de sua família. Uma história muito tocante e que tenho quase certeza que tenha servido de base para a série, enfim, vamos falar da ficção.
O governo desistiu das buscas, mas Nathan Cole não. Ele, com
a ajuda de sua equipe, viaja diariamente para a outra dimensão em atrás de
sobreviventes, fazendo isto de maneira muitas vezes irresponsável e sofrendo as
consequências. É visível que o que move Nathan é a culpa e não demora muito
para entendermos uma parte de sua história: seu irmão ainda está perdido e,
antes de tudo acontecer, eles brigaram. Este foi um ponto que me manteve bem
ligado a trama. Histórias em que a força
motriz são relações entre irmãos não são tão comuns assim e, bem, acho elas
legais.
Neste primeiro arco a história se desenvolve de maneira bem
ritmada, sempre tomando certo tempo para desenvolver suas novas revelações e
elementos. A primeira edição pode te deixar meio confuso no começo, somos
expostos as coisas acontecendo, ao invés de nos contarem, nos mostram. A edição
inicial ainda segue com representações bem fortes de um grande luto, da volta
pra casa após muito tempo e das sequelas que um trauma pode deixar, todos esses
temas que ganham ainda mais desenvolvimento no decorrer das demais edições.
Como é de se esperar, a série conta com alguns twists que mantém a trama sempre interessante, então vou comentar de maneira mais genérica as demais edições. Existe um ponto muito interessante mais à frente na trama, que é um spoiler leve, então pule esse parágrafo se não quiser saber: alguns dos sobreviventes agora construíram uma sociedade na outra dimensão e não confiam ou entendem o que Nathan está fazendo, gerando assim um conflito breve, mas bem engajante. A humanidade se adapta e, mesmo em um mundo infernal cheio de criaturas mortais, ainda é capaz de construir uma sociedade. Impressionante, não?
A construção de mundo em Oblivion Song é muito bem feita,
principalmente nas descrições das personagens que estiveram no “outro mundo”.
Sendo uma mídia visual, ler as descrições de como o som ambiente daquele mundo
parece uma “canção do silêncio” é instigante e me fez tentar imaginar e “ouvir”
o mesmo som, algo que é possível apenas em mídias escritas e que Kirkman
domina. As criaturas lembram insetos e não consegui não relacionar com o mundo
de Nausicaä do Vale do Vento, são realmente muito parecidos.
Quanto aos demais acontecimentos, existe um plot twist no
final deste primeiro volume que não tenho tanta certeza se gostei, faz sentido,
todavia torna tudo bem mais “interligado”. Ah, e acontece outra coisa, um
personagem fica em um lugar que não deveria! Isso me deixa curioso para saber
como vai se seguir.
Na arte, De Felici retrata um mundo bruto e ao mesmo tempo traz uma grande contemplação de suas paisagens e criaturas misteriosas. É necessário destacar o ótimo trabalho de Annalisa Leoni com as cores e tons, parece que ela está trabalhando com películas e filtros diferentes frequentemente, sempre realçando e trabalhando junto tanto com a arte quanto com o roteiro.
O primeiro volume de Oblivion Song nos apresenta uma
história muito consistente, bem estruturada e visualmente deslumbrante. Robert
Kirkman já não tem mais o que provar como autor e continua entregando um grande
trabalho após o outro. Mesmo não tendo certeza quanto ao rumo que certos plot
twists podem levar a narrativa, é impossível não se manter interessado pelo mundo
contemplado com a canção do silêncio.
Nota: 8.5!
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