As Grandes Histórias de 2021

Viver é difícil. Sempre tem muita coisa acontecendo, a inflação não ajuda e ninguém parece saber o que está fazendo, mas ainda assim temos que manter a pose. Nietzsche, um filósofo muito conhecido e com um nome que faz com que as pessoas pensem duas vezes antes de citá-lo na redação do Enem, uma vez disse que “Temos a Arte para não morrer da Verdade”. Em tempos caóticos e sombrios, precisamos de histórias mais que nunca para preencher e inspirar nossos corações.

Pois histórias tem poderes inimagináveis, que vão muito além de nos envolver em suas tramas, nos fazer rir ou ensinar uma lição, as histórias expandem a realidade pelo campo da imaginação, e contam sim como experiências de vida, porque a forma como elas podem nos afetar não é brincadeira. 2021 foi um ano bem complicado, com a pandemia ainda continuando e, na vida pessoal de cada um, muitas coisas acontecendo. Pelo menos tivemos grandes histórias nos acompanhando.

No texto de hoje quero falar um pouco do que me manteve inspirado e animado, me ajudando assim a continuar seguindo com bravura em meio a essa selva de caos que chamamos de vida. Allons-y!!


Luca

Para começar, o mais novo filme da Pixar! Após uma década de 2010 bem inconsistente, com muitas sequências e poucas novas investidas, a Pixar parece que finalmente reencontrou seu prazer(e talvez permissão) para experimentar coisas novas e deixar fórmulas bem sucedidas de lado. Luca é um filme contido, divertido e tocante, com um design de personagens lindo e que explora a maleabilidade da computação gráfica.

Na história, Luca e seu amigo Alberto, dois monstros do mar, se infiltram em um pequeno vilarejo na Itália e vivem diversas aventuras enquanto tentam arrumar uma forma de conseguir uma vespa (a moto, não a vingadora). É um filme muito engraçado e inventivo, com belas mensagens de amizade, liberdade e pertencimento, que se mostra como prova mais do que necessária de que existe muito o que a Pixar ainda pode oferecer para o mundo da animação.


Kid Cosmic/ Arcane

A Netflix vem perdendo espaço para serviços de streamings de empresas muito melhores estabelecidas e com catálogos já muito fortes, mas ela fará de tudo para não cair, e isso inclui (principalmente) investir em novas produções originais! Este ano estrearam duas animações originais ótimas: primeiro, Kid Cosmic, criação e projeto dos sonhos de Craig McCracken (PPG, Mansão Foster, Wander), onde acompanhamos o pequeno Kid, um garoto que se torna um herói junto à sua família e amigos após encontrarem anéis alienígenas mágicos na cidadezinha isolada que vivem. Uma série cheia de aventura e com arte maravilhosa, Kid Cosmic traz para o catálogo da gigante vermelha não só uma narrativa forte e bom timing cômico, mas ensinamentos essenciais sobre heroísmo e o dever de um herói.

Já Arcane, baseada no universo do jogo League of Legends (que eu nunca havia jogado antes de 2021 e não pretendo jogar depois), é uma superprodução repleta de ação, estilo e personagens muito bem construídos. Tendo se mostrado um acerto certeiro da Netflix e da Riot, a série merece muitos méritos por conseguir trabalhar suas personagens de maneira tão consistente, mas é ainda mais espetacular no que diz respeito aos seus visuais. 2021 definitivamente foi o ano da animação CGI.


Doctor Who


A última temporada da 13º Doutora!!! Ainda não consegui assistir, mas pretendo resolver isto muito em breve… De qualquer forma, Doctor Who é uma história muito importante para mim e neste último ano tive a oportunidade de assisti-la com minha família, mostrar para eles essa heroína/herói que tem dois corações e ainda assim transborda empatia e compaixão. Tem sido uma experiência brilhante, fantástica, e eles estão gostando muito!

Doctor Who é uma ficção científica sobre uma alienígena que viaja pelo tempo-espaço com companheiros muito interessantes, ajudando as pessoas e enfrentando seus próprios demônios no caminho. Como disse, ainda não assisti Flux, a 13º e última temporada da Doutora de Jodie Whittaker, mas não estou preparado para vê-la partir (o que vai acontecer de fato em um especial em 2022, também conhecido como esse ano!). Em suas temporadas no comando da Tardis, Jodie esbanjou brilhantismo, bondade e o maior dos sorrisos, enfrentando novos e velhos inimigos, de todos e em todos os lugares. Nunca é fácil dizer adeus, mas é sempre mais difícil em Doctor Who.


Raya e o Último Dragão/ Din e o Dragão Genial/ Aya e a Bruxa

3 em 1! Esse foi um ano muito bom para os longas de animação, e como não quero fazer dezesseis bilhões de tópicos sobre, vou citar esses três aqui. Para começar, Raya e o Último Dragão, um filme divertido, porém, que realmente impressiona no quesito visual. Nossa, esse filme é mais bonito que a realidade. Sério, é inacreditável o quão bonito esse filme é. O mundo pós-apocalíptico é construído e povoado de maneira tão detalhada que eu não consigo nem imaginar quanto tempo cada frame levou para renderizar. Ah, e não posso esquecer das cenas de ação e luta! Tão bem coreografadas! Nesse quesito, acho que estamos finalmente começando a ver de vez a influência da franquia Avatar (você sabe qual delas) em mais lugares.

Quanto a Din e o Dragão Genial,  se trata de um longa muito simples em seu núcleo, mas que tem uma execução primorosa. Mesmo que uma produção não traga nada novo, como é o caso dessa, a história do cara humilde que encontra um gênio que lhe concede três desejos (originalmente uma história chinesa) já foi feita muitas vezes, e isso pode se dizer de quase todas as histórias. Todavia, quando executada de maneira bem pensada e com o coração, sempre renderá frutos. Din e o Dragão Genial é um desses casos, uma narrativa clichê mas com batidas cheias de inspiração, sendo muito atual e muito atemporal ao mesmo tempo.

Dirigido por Goro Miyazaki, Aya e a Bruxa foi um filme injustiçado. Sendo a primeira produção em CGI do Estúdio Ghibli, Aya conta a história de uma órfã cheia de personalidade que é adotada por uma bruxa, ela pensa que vai ser sua aprendiz, mas na prática acaba se tornando sua serva. O longa é descompromissado e divertido e tem uma animação bonita (claramente não nível grandes estúdios americanos, mas essa nunca foi a proposta e nem de perto é necessário), e mostra mais uma vez que Goro é sim um bom contador de histórias. Porém, como não é um épico super reflexivo de seu pai (o indiscutivelmente grande Hayao Miyazaki), acaba sendo uma decepção para muita pessoas. O que quero dizer é: o Ghibli é muito mais do que grandes épicos inventivos de fantasia, e é em sendo muito menos, muito mais singelo, que Aya e outros ótimos e igualmente injustiçados filmes do estúdio brilham.


A Casa Coruja

Eu já falei sobre A Casa Coruja aqui no blog, fiz as primeiras impressões… clique AQUI se tiver interesse. Agora, minha relação com a série ano evoluiu muito no último ano. Em determinado momento, lá por agosto, eu e minhas irmãs tivemos que passar um tempo na casa de minha tia pois meus pais contraíram covid. Foram dias muito assustadores, não sabíamos o que esperar. Felizmente, tudo deu certo. Neste meio tempo na casa de minha tia, minha irmã mais nova e eu passamos muito de nosso tempo assistindo A Casa Coruja, acompanhando as aventuras da humana Luz, da bruxa badass Eda e do fofo King. Eles vivem em um mundo cheio de magias e desafios, mas encontram um nos outros força e aceitação. A Casa Coruja é um lar, e existe um lar para cada um de nós, não importa o quão desajustados sejamos.

Não tive a oportunidade de ver a segunda temporada da série ainda, mas só ouvi coisas boas. A representatividade é um ponto fortíssimo, assim como os temas de aceitação e empatia. É uma pena que a série encontrará seu fim no terceiro ano por “não corresponder aos valores Disney”. O que é estranho, já que a série defende valores lindíssimos, o que faz dela uma desajustada? De qualquer forma, o lar da coruja já foi construído permanentemente no coração de seus fãs.


World Wonder Ring Stardom

No começo de 2021, minha amiga e eu começamos a assistir a promotora de wrestling World Wonder Ring Stardom. Caso não conheça wrestling, ou luta livre, se trata de uma mistura de esporte com teatro, sendo que através da lutas e segmento os/as wrestlers contam histórias. Stardom é uma empresa japonesa de wrestling feminino, que tem bastante foco no trabalho em ringue, que é performado por lutadoras com visuais maneiros que poderiam ter saído das páginas de um mangá ou de jogos de videogame, e que tem a capacidade de quebrar o pescoço de qualquer um. O que me prendeu com esta promotora e seu produto é, fora os grandes combates e as performances super atléticas, as personalidades interessantíssimas que povoam esse universo. Desde a ícone da empresa, a atrapalhada Mayu Iwatani, até as vilãs da equipe conhecida como Oedo Tai, revoltadas com o sistema e fazendo maldades sempre que possível.

Todavia, minha lutadora preferida se chama Syuri. Uma veterana não só do wrestling, mas também do kickboxing e do MMA, Syuri teve uma carreira que pode ser considerada vitoriosa, mas nunca realmente chamou a atenção ao ponto de ser considerada uma das principais lutadoras das promotoras onde esteve. Porém, tudo mudou este ano, quando recebeu uma oportunidade e mostrou para todos quem realmente é. Syuri é alguém que transmite uma aura poderosa e perigosa por onde passa pelas suas habilidades, mas sua personalidade é de alguém gentil e que não tem medo de rir dela mesma, em um meio onde ser “badass” geralmente é a característica que mais se destaca. Syuri é muito mais que isso, e mostrou aproveitando sua oportunidade ao máximo e conquistando o World of Stardom Championship”, cinturão máximo da empresa. Ela venceu sendo ela mesma, mas não antes de muito esforço. Nós só vivemos uma vez, devemos aproveitar nossas oportunidades ao máximo, mas sem deixar de sermos nós mesmos.


Jojo's/ Oddtaxi/ Evangelion 3.0+1.0

3 em 1, de novo! Esse ano não assisti muitos animes, mas os que vi foram ótimos (menos Godzilla Singular Point, esse poderia ser melhor). Para começar, a sexta e mais nova parte animada de Jojo’s Bizarre Adventure, Stone Ocean! Com tudo o que a franquia tem a oferecer de melhor, a protagonista da vez é Jolyne Kujo, filha de Jotaro que está em uma prisão enfrentando tenebrosos usuários de stand! Não há muito o que possa ser dito sobre Jojo’s, é bizarro, aventuresco e insanamente criativo, e Stone Ocean é tudo isso em seu máximo.

Oddtaxi, o anime do ano para muitos, conta com um texto só para ele aqui no blog, e você pode lê-lo clicando AQUI. Mas, em suma, a série é um suspense sensacional que a borda diversos temas complexos de nossa sociedade contemporânea. Com animais como protagonistas, claro!

O último capítulo de Evangelion foi finalmente lançado em 2022. A conclusão a franquia conhecida por sua melancolia e retratos psicológicos de seus personagens incompletos e feridos é povoada por robôs e monstros gigantes. O quarto e último filme do reboot/remake/sequência da série é sutil, repleto de ação e conclusivo. Sendo um fã de Evengelion há anos, foi um momento e tanto ver a série finalmente sendo concluída, ainda mais na nota que foi, fiquei muito satisfeito. Além do longa, foi lançado um documentário acompanhando o criador e diretor da franquia, Hideaki Anno, durante a produção do filme e o admiro como artista ainda mais depois de assistir. Após muitos anos, alguns finais e uma longa batalha, adeus, todos os Evangelion. Mas esperamos te ver novamente, Hidekai Anno!


A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas

O Filme do ano. Tendo sido produzido pela Sony Animation (que teve um ano espetacular) e dirigido/escrito por Mike Rianda, A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas é um road movie/ uma aventura apocalíptica sobre laços familiares e tecnologia assassina, contando uma história inspirada, repleta de aventura, drama e comédia, tudo regado a visuais únicos e super inventivos.

Kate Mitchell nunca se encaixou, mas agora ela vai pra faculdade, encontrar sua tribo! Entretanto a faculdade é do outro lado do país e seu pai, com quem tem um relacionamento turbulento, cancelou seu voo e vai levá-la de carro até lá, com sua mãe e seu irmão. O que pode dar errado? Uma revolta das máquinas, é claro!

Mitchells é um longa corajoso e que tem toques autorais muito fortes, sem perder o trilho daquilo que apela para as massas. Sendo uma história sobre conexão, sua chegada ao nosso mundo em um momento conturbado de muita proximidade e distância nos faz pensar e nos conecta através da diversão. Como disse, O Filme do ano.


-------------------------------------------------------------//--------------------------------------------------------

2021 foi um ano cheio de grandes histórias, e que, por diversos motivos, ficará marcado também nos livros de história da humanidade. Ainda assim, deixei para o final a maior história de todas: a nossa. A minha, a sua, de cada um de nós. Somos histórias que andam! E, entre trancos e barrancos, lágrimas e sorrisos, somos recheados de água, sentimentos e, claro, outras histórias. Devemos nos orgulhar muito disso. Somos as maiores das histórias!

Nós do Hero Strike desejamos a você um próspero ano novo! E que ele seja recheado de histórias incríveis! 

Se gostou, recomendo que curta nossa página no facebook ou siga nosso perfil no twitter para não perder nenhuma novidade!

Nos lemos no próximo texto. Até lá!

Escrito por um Thiago que está pronto para um novo capítulo. 


Comentários

Postagens mais visitadas