Borras de Tinta: Bench, de Masashi Kishimoto


O beisebol é o esporte mais popular no Japão. Naruto foi, durante mais de uma década, um dos mangás mais vendidos no país (e em todo o mundo). Quando o autor de um dos carros chefe da Shonen Jump se aventura no mundo das bases, arremessadores e rebatedores, com certeza chama bastante atenção. No segundo texto de "Borras de Tinta", onde analisamos mangás, descobriremos se "Bench", one-shot de Masashi Kishimoto, é uma bola fora ou um home run.

Na história o estudante transferido Yamaguchi Tsutomu entrou no clube de beisebol da escola, mas foi mandado para o marginalizado Time D por estar acima do peso e ter habilidades abaixo da média. Junto de seus companheiros e seu amor pelo esporte, Yamaguchi vai se esforçar ao máximo para realizar seu sonho e se tornar um grande jogador.

Um mangá shonen sendo um mangá shonen. Talvez seja disso que o mundo precisa.

Publicado nas páginas da Weekly Shonen Jump japonesa em outubro de 2010, "Bench" conta sua não tão ambiciosa narrativa em menos de 50 páginas. A publicação faz parte de um projeto desenvolvido pela Jump chamado "Top of the Super Legends", onde autores consagrados lançaram one-shots em 6 edições da revista. 

"Bench" não se trata de uma grande e ambiciosa obra, utilizando vários clichês de mangás de beisebol e parecendo uma homenagem aos mesmos. Os acontecimentos vistos são quase todos dentro do esperado, todavia, ainda sim existem ideias realmente boas aqui, mesmo que elas nem sempre afetem de maneira direta o desenrolar da trama. Com relação aos personagens, apenas os dois principais, Yamaguchi e o arremessador do time D Ou, que possuem desenvolvimento, o que é compreensível por se tratar de um one-shot. Entretanto, os rivais apresentados são extremamente rasos e sem carisma, o que é uma grande falha para um mangá de esportes.

Dentre outros autores famosos que participaram do "Top of the Super Legends", estão Hideaki Sorachi, autor de Gintama, e Akira Toriyama, criador de Dragon Ball.

O tema do mangá é "pessoas esforçadas tentando superar pessoas talentosas", o que é um tema recorrente de Naruto (principalmente com o personagem Rock Lee). Até certo ponto bem desenvolvido mas com algumas inconsistências, o tema funciona para elevar a obra a "algo mais", que no caso seria um mangá shonen que grita os valores da Shonen Jump: "Amizade, trabalho duro e vitória".

Se tratando da arte, Kishimoto não decepciona. O character design dos membros do clube de beisebol é original e chamativo. É impossível que algumas das crianças não remetam a personagens de Boruto, mas isso é natural (bom lembrar que Bench veio antes!). A quadrinização de Kishimoto é um show a parte, desde Naruto, com bons ângulos, sensação de velocidade, dinamismo e ritmo de leitura, Bench pode se tornar uma leitura cansativa pelos diálogos expositivos e inchados nele presente, mas não pela maneira como o autor organiza seus quadros.

Espera, a Sarada não usava óculos?

Ainda que uma história curta e clichê, Bench diverte e apresenta boas ideias. Apresentando uma ótima quadrinização e arte, Masashi Kishimoto demonstra, mais uma vez, que é um dos mais talentosos autores do mercado, mesmo pecando desta vez na criação de bons rivais (algo que definitivamente não fazia em Naruto) e diálogos expositivos (ok, isso ele fazia um pouco).

Nota Crítica: 6
Nota Pessoal: 7.5


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Escrito por Thiago Almeida

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